10 janeiro, 2014

7 inspirações de Hergé para criar Tintim

Tintim nasceu em 10 de janeiro de 1929, nas páginas do semanário infanto-juvenil Le Petit Vingtième, suplemento do jornal belga Le Vingtième Siècle. Isso provavelmente você já sabe, mas o que talvez ainda se pergunte é: em quem Hergé se baseou para criar Tintim? Conheça agora mais de 7 inspirações que podem ter influenciado o artista belga na criação de seu mais célebre personagem.


De início, Hergé foi inspirado pelo seu irmão Paul Remi, que tinha um rosto redondo e um topete penteado. "Eu o observava muito, ele me divertia e me fascinava", admitiu Hergé. "Faz sentido que Tintim tenha assumido suas características, gestos, postura. Ele tinha um forma de se movimentar e uma presença física que deve ter me inspirado, sem que eu soubesse. Seus gestos ficaram na minha mente. Eu o copiei desajeitadamente, sem querer ou mesmo sem saber que estava fazendo isso. Era ele que eu estava desenhando".

Hergé e Paul Remi à esquerda; o jovem Palle Huld em uma das suas viagens.


Outra provável inspiração de Hergé foi Palle Huld (1912-2010), ator dinamarquês que ficou famoso aos 15 anos após dar a volta ao mundo  com o patrocínio do jornal Politiken. A viagem resultou no livro "Jorden rundt i Dage 44" (Volta ao mundo em 44 dias), que narra suas aventuras em países como União Soviética, América, China e África. O livro foi traduzido em 11 idiomas, inclusive o francês, e pode ter chegado às mãos do pai de Tintim antes da concepção do personagem.

Onésime e Tintin-Lutin.

A obra de Benjamin Rabier (1864-1939) também pode ter servido de influência, embora Hergé nunca tenha confirmado. O livro de Rabier em parceria com Fred Isly, Tintin-Lutin (1898), retratava Onésime, personagem secundário, como um garoto de topete louro e rosto arredondado que andava com calças de golfe. Hergé admitiu que se inspirou no estilo de Rabier para desenhar animais, o que fica evidente em "No País dos Sovietes", mas alega que só teria conhecido Tintin-Lutin em 1970, através de um leitor que notou a semelhança.

Hergé também teria se inspirado em jornalistas conhecidos da época, como Albert Londres (1884-1932) e Robert Sexé (1890-1986). Londres foi um jornalista francês, considerado um dos criadores do jornalismo investigativo, que não só retratou a notícia como informou de forma corajosa a partir de uma perspectiva pessoal.

Robert Sexé e sua motocicleta; Albert Londres à direita.

Sexé era fotógrafo e repórter, e ficou conhecido por dar a volta ao mundo de motocicleta pela primeira vez, em 1926. O livro "Robert Sexé au Pays des Sovietes" (1996) defende que as fotos do repórter, publicadas também nos jornais belgas na década de 1920, teriam servido de inspiração para Hergé criar álbuns como "Tintim no País dos Sovietes" e "Tintim no Congo". A teoria nunca foi confirmada, mas ganha força entre os que acreditam que o nome de Milu teria sido uma homenagem ao companheiro de aventuras de Sexé, René Milhox (de quem já falamos aqui).

Outras duas inspirações para Tintim foram criadas pelo próprio Hergé. Totor foi um escoteiro criado para a revista Le Boy Scout Belge em 1928. Hergé mais tarde chamou Tintim de "o irmão mais novo de Totor", e manteve o "espírito de escoteiro" do antigo personagem, além de algumas semelhanças físicas.

Totor e o "petit enfant sage", criações do próprio Hergé.

Em 30 de dezembro de 1928 nas páginas do semanário Le Sifflet, Hergé publicou uma historinha em duas páginas com um menino e seu cachorrinho branco, "Le Noel du petit enfant sage" (saiba mais aqui). A pedido do abade Norbert Wallez, apenas 5 dias depois Hergé anunciava a estreia de um novo personagem e seu cão, que viajariam para realizar uma reportagem na Rússia soviética...


Hergé praticamente nunca confirmou uma única pessoa ou personagem em quem realmente tenha se inspirado para criar Tintim. Mas no fim das contas, enxergamos em Tintim um pouco das características de cada uma de suas possíveis inspirações: a aparência Tintin-Lutin, os trejeitos de Paul Remi, a perspicácia de investigação de Albert Londres, o espírito aventureiro de Palle Huld e Robert Sexé e a moral do escoteiro Totor. Uma soma que resultou no repórter aventureiro viajante que Hergé teria gostado de ser.
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