29 novembro, 2008

Obra de Hergé vai a leilão

Entre os itens estão cartas, cartões postais, pinturas, estatuetas, storyboards e esboços.

Georges Remi Jr., sobrinho de Hergé (também chamado Georges Remi), levou a leilão esboços, fotografias e cartas de seu tio, como informa a agência France-Presse. Remi Jr., que vive na Normandia, disse que tinha "algumas dúvidas" sobre a venda de itens do seu tio, mas admitiu que agora 'quer virar a página'.

Dentre os 300 itens leiloados estão cartas de Hergé a sua primeira esposa, Germaine Kieckens, bem como a outros dois co-fundadores da revista Tintin: Edgar P. Jacobs - criador da "Blake e Mortimer", que influenciou a obra de Hergé - e Edouard Van Nijverseel, o primeiro diretor artístico da revista.

Segundo o porta-voz Marcel Wilmet, o Hergé Studios, liderado por Fanny Rodwell, os materiais são de "grande interesse para historiadores", mas não para o Museu Hergé, atualmente em construção no centro da Bélgica, em Louvain-la-Neuve.

Edições originais dos álbuns de Tintim também foram vendidos no leilão organizado pela Artcurial, que em março vendeu uma pintura de "Tintim na América" (clique na imagem para ampliar) por 764.200 euros - o equivalente a cerca de 2.260.000 reais!

"Meu trabalho me faz mal"

De acordo com o jornal britânico Teplegraph, as cartas de Hergé, incluídas entre os itens do leilão, revelam uma fase desconhecida da vida do cartunista. Ele declara seu amor à sua primeira esposa, confessa seu adultério e revela pensamentos privados tristeza de dúvida:

"Eu estou tão cansado", escreveu Hergé em 1947, pouco tempo depois da 2ª grande guerra, época em que sua carreira foi manchada pelo nazismo, já que continuou publicando sua obra em um jornal belga usado para propaganda nazista.

"Há uma total separação entre o que penso e o que invento e desenho", ele escreve depois.

"E agora, meu trabalho me faz mal", disse à esposa em 1947. 'Tintim não me representa mais... Se Tintim continua a viver, é através de uma espécie de respiração artificial que devo manter constantemente e que está me esgotando', completa.

Mas as cartas também revelam seu lado romântico. Em uma delas Hergé diz que seu amor pela esposa o fez "consciente do que é belo e nobre", e até "capaz de poesia".

Em 1948, nuvens cercam o belo casal e mais tarde, da Suíca, Hergé confessa a Germaine seu adultério: "... o dano já foi feito". O casamento durou mais de 40 anos, mas o casal se divorciou em 1977.

Pierre Sterckx, historiador da arte de Hergé disse mais: "Estes documentos são extremamente importantes. Mas eu entendo completamente (dada a sua natureza íntima) que Fanny Rodwell ... não tem nenhum desejo de se tornar sua dona."

Para saber mais, clique aqui e aqui. Texto em inglês.
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2 comentários:

  1. Que pena Hergé ter se sentido assim. É mais uma provca do quanto era profissional, já que nãod eixou transparecer através de sua obra todo esse sofrimento!

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  2. Excelente Britto... continue assim!

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