14 agosto, 2008

Criando um Álbum


O processo de criação de uma história em quadrinhos é bastante complexo e varia muito de um autor para o outro. No caso de Hergé, se tratava de uma progressão bastante metódica. Além disso, nos últimos anos ele se beneficiou muito da ajuda de seus colaboradores do Estudios Hergé, especialmente de Bob de Moor.

Conheça agora um pouco do passo-a-passo na confecção de uma história:

Distribuição Gráfica

O primeiro passo consiste em encontrar um cenário, o mais simples possível, onde situar os limites espaciais da história. O próximo passo é desenvolver e enriquecer esse cenário. Nessa etapa, Hergé desenha de forma esquemática o encadeamento das vinhetas assegurando-se de colocar um símbolo similar ao de um pentagrama ao final de cada página. As figuras e os personagens são desenhados rapidamente, sem ambientação. Nesta etapa a história toma forma.

Esboço a Lápis

Realizada a distribuição (podia haver dezenas de projetos), Hergé passava para o lápis. Utilizava para este fim folhas de 30x40 cm. Era neste momento que começava realmente a tarefa de desenhar. Com frequência, ele pedia a seus colaboradores que trouxessem um esboço da pose que queria dar a seu personagem, sempre com a preocupação pela veracidade com que é conhecido. Finalmente, quando todo o processo do lápis terminava, fazia uma cópia de todos os desenhos, escolhendo o traço que melhor convinha e aproveitava a ocasião para voltar a enquadrar todos os elementos. Após ter feito isso, copiava os desenhos em uma folha de papel limpa.

Passando a limpo

A folha a lápis obtida incluía todos os personagens, mas a decoração e ambientação estavam apenas ligeiramente delineadas. Nesse momento, os colaboradores de Hergé entravam no jogo e se encarregavam de desenhar veículos, paisagens, uniformes, etc., respeitando sempre que possível o estilo real. Mais uma vez, era exigida veracidade. Hergé e seus colaboradores não hesitavam em ir para os lugares reais da cena para tirar fotografias e esboços. Quando tudo era concluído, se preparava a folha para ser posta a limpo, com tinta e nanquim. Entretanto, os diálogos eram revisados e corrigidos e o número de letras e sinais contados. Depois de uma verificação final, as folhas eram enviadas para a fotografia.

Cor e Diálogos

Pouco tempo depois, o estúdio recebia uma série de provas fotográficas do formato da publicação. As que eram destinadas para coloração estavam feitas em tom azul-cinza, acompanhadas de um negativo do filme em preto e branco. O processo de coloração era realizado pelos colaboradores de Hergé, que utilizavam, dependendo do caso, aquarela ou outro tipo de pintura. Um traço característico de Hergé eram as cores lisas, sem gamas ou sobras, o que - segundo ele - dava mais clareza e eficiência. Quanto aos diálogos, eram desenhados por um especialista de acordo com um ensaio especial em cada uma das traduções estrangeiras. As onomatopéias, geralmente, eram desenhadas por um de seus ajudantes.

O Resultado Final

Terminado o trabalho, as provas eram enviadas para a fotografia, que combinava o traço em preto com a lâmina colorida e os diálogos. Agora só faltava pôr as rotativas a funcionar e distribuir os álbuns recém impressos para todos os cantos do mundo.




Fonte: Free-Tintin
Tradução: Pedro Britto.
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