25 setembro, 2015

Porque Tintim merece um projeto nível Graphic MSP

Chegaram às livrarias nos últimos meses os novos volumes da coleção Graphic MSP, Turma da Mônica: Lições e Turma da Mata: Muralha. O selo, criado pela Mauricio de Sousa Produções e publicado pela Panini Comics, traz uma série de graphic novels estreladas por personagens clássicos do quadrinista brasileiro, só que no traço (e roteiro) de outros artistas do país.


A turma da Mônica, Chico Bento, Astronauta e o mundo pré-histórico do Piteco já foram retratados nos primeiros volumes, todos de qualidade impecável, dignos de um espaço na estante de qualquer fã da nona arte.

Mas onde entra Tintim nessa história? Bem, a maior justificativa para não publicarem um álbum inédito de Tintim é o respeito ao desejo expresso de Hergé, de que o repórter não deveria ser desenhado por outro artista. Mas uma coleção no estilo da Graphic MSP seria não menos que uma homenagem ao pai de Tintim, ideia que é compartilhada por outros fãs ao redor do mundo.

Sem dúvidas, Mauricio de Sousa não deve achar que uma das novas versões de seus personagens seja uma ameaça, muito menos um desrespeito, aos originais. Pelo contrário, o selo tem dado ainda mais visibilidade à obra do artista, pois despertou a atenção de um público mais adulto, que em sua maioria já tinha deixado de lado os gibis da Turma da Mônica - como este que vos fala.

Tudo bem, talvez não seja certo passar por cima da vontade do autor, mas continuo dizendo: a iniciativa valeria como uma bela homenagem ao legado de Hergé. Enquanto isso não acontece, se é que tem chances de acontecer, veja porque vale a pena ler os álbuns da Graphic MSP (que estão disponíveis capa dura e cartonada).

:: Astronauta: Magnetar. Eu não havia me interessado pelo álbum porque nunca fui um grande fã do personagem, apesar de curtir o clima das historinhas. O título também não chamou minha atenção, afinal, quem sabe o que é um Magnetar? Mesmo assim, comprei a edição em capa dura - para minha sorte, a única que encontrei - só para completar a coleção, e me surpreendi com a qualidade. Magnetar traz uma história de aventura e solidão, um drama psicológico com ilustrações belíssimas. O segundo volume desenhado por Danilo Beyruth, Astronauta: Singularidade, tem mais ação e romance, mas não deve nada ao primeiro. Vale mencionar que o protagonista que lembra o Tintim no uniforme lunar, com direito ao topete.

:: Turma da Mônica: Laços. A HQ dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi é uma ode à amizade. Com um clima que remete aos filmes infantis dos anos 80, a história mostra a turma da rua do Limoeiro indo em busca de Floquinho, o cachorrinho do Cebolinha, que desapareceu. O grande destaque da obra são os desenhos dos irmãos Cafaggi, belíssimos e inovadores. Os flashbacks ilustrados por Lu são uma atração à parte, um toque de 'fofura' que faz da obra uma das favoritas da coleção. A sequência Turma da Mônica: Lições, foi lançada recentemente, mas ainda não tive o prazer de ler.

:: Chico Bento: Pavor Espaciar. Gustavo Duarte assina uma aventura muito "especiar" estrelada por Chico Bento e Zé Lelé, com as participações ilustres do porquinho Chovinista e da galinha Giserda. Regado de referências à cultura pop (até Michael Jackson tem direito à sua homenagem), a HQ acompanha Chico e seu primo quando os dois são abduzidos por uma nave alienígena! Duarte usa um humor visual para contar uma história engraçada e bem no clima dos gibis originais do personagem. As sequências dão um movimento quase cinematográfico à aventura rural.

:: Piteco: Ingá. Assinado pelo paraibano Shiko, é uma das adaptações mais surpreendentes da série. O enredo aprofunda a (pré) história do carismático homem das cavernas criado por Mauricio, com desenhos e cores de deixar qualquer um boquiaberto. Mesmo com o rumo meio místico que a aventura acaba tomando, é um deleite acompanhar o resgate a Thuga, que passa a ter um papel bem mais relevante que uma boba apaixonada (e muito divertida). Se tem um ponto negativo que esta HQ revela sobre a coleção é que o número de páginas poderia ser maior.

:: Bidu: Caminhos. Se eu usei o termo 'fofura' ao falar de Laços, não sei como ser mais constrangedor falando dessa emotiva historinha do cachorrinho do Franjinha (pronto, acho que o excesso de diminutivos superou). A HQ de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho se propõe a dar uma origem ao primeiro personagem de Mauricio de Sousa, e faz isso com louvor. A arte é divertida, sensível (e onomatopeica) e não falha na apresentação de alguns companheiros clássicos dos quadrinhos do esperto Schnauzer azul. Simplesmente mais um acerto.

Além dos mencionados, já foram lançados os títulos Penadinho: Vida e Turma da Mata: Muralha, que ainda não comprei, mas já têm sido muito elogiados. Para o futuro, estão confirmadas as adaptações de Papa-Capim e Louco - que já tem título, "Fuga", e será lançado na FIQ, em novembro. Se as novas edições seguirem a linha das anteriores, com certeza valerá a pena adicioná-las à coleção.

Dá pra ver que, se o selo tem virtudes, uma das maiores delas é permitir que os artistas deem uma abordagem diferente aos personagens que estamos acostumados, seja para um tom mais emocional, mais maduro, seja para um estilo de humor diferente. Imagina isso com Tintim...

Imaginou? Então vai gostar do artigo: Um pastiche oficial de Tintim.
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