27 fevereiro, 2012

As Aventuras de Tintim: Do Virtual ao Real

Uma vez concluído o emocionante trabalho com os atores no Volume, a equipe de animação da Weta deu início ao processo de 18 meses ajustando e moldando cada uma das 1.240 tomadas do filme antes de submetê-las ao processo de renderização final. Foi aqui que os cineastas começaram a brincar com os temas visuais, ambientação cinematográfica e efeitos complicados de iluminação em cada uma das cenas, finalizando o visual do filme. 

Usando o mundo estilizado criado por Hergé como gabarito, os artistas e animadores se puseram a dar vida ao mundo de Tintim. “Tudo o que Hergé criou tem cores e visuais únicos”, relembra Joe Letteri. “Seu trabalho original já transmitia uma sensação de animação, como se os desenhos estivessem esperando para ganhar vida”.


Para os supervisores de animação, Jamie Beard e Paul Story, esse foi o princípio da realização e animação completa dos personagens de Hergé. “O processo de captura de desempenho é apenas o primeiro passo para nós”, explica Beard. Como Jamie Bell, Andy Serkis e todos os demais atores não se parecem com seus personagens num sentido literal, a equipe de animação chefiada por Beard e Story iniciou o processo de transformar o desempenho capturado no estúdio aos modelos digitais dos personagens construídos pela equipe da Weta. 

“O que temos de fazer é observar a atuação do ator e nos perguntar: ‘Como o desempenho se adequa ao desenho do nosso personagem?’", explica Beard. “Basicamente, começamos com um esqueleto básico sobre o qual há uma forma geométrica de baixa resolução dando uma ideia de qual é a forma do personagem e, a partir daí, ajustamos os movimentos do corpo”, acrescenta Story.


“Num filme animado tradicionalmente, os atores são escalados para dublar cada papel e, ao final, a maneira como eles interpretam suas falas na cabine de gravação orienta nossas escolhas na animação”, explica Letteri. 

O processo de animação de Tintim se apoiou fortemente na captura do desempenho para a renderização final dos personagens. “Contar com atores nos brinda com uma qualidade vital que seria difícil de se conseguir de outra forma”, continua Letteri. “A atuação de um ator subjacente a toda a animação realmente nos dá continuidade ao longo do filme. Na animação tradicional isso se denomina ‘manter o personagem no padrão’. Aqui, nós contamos com os atores, e eles é que, essencialmente, mantêm o personagem no padrão. Por isso gostamos de trabalhar com os melhores atores possíveis num processo como este, porque nos dá a liberdade para expandirmos seus desempenhos, agregando mais realismo, drama, comédia, ou qualquer ideia que venha a surgir pelo caminho”.


Ao longo do processo de pós-produção, muitos aspectos dos personagens também foram refinados, sempre usando como referência adicional as tomadas em vídeo gravadas no Volume para assegurar que cada momento do desempenho digital reflita as opções emocionais do ator. 

Finalmente, As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin, The Secret of the Unicorn) foi renderizado uma segunda vez para acomodar o processo digital em 3D. “Como Tintim foi inteiramente renderizado no computador, isso fez com que o aspecto tridimensional do filme fosse relativamente fácil de fazer”, comenta Jackson. “Mas o resultado é ainda mais impressionante neste filme em particular. Só de pensar em assistir a As Aventuras de Tintim nos cinemas em 3D faz com que eu me sinta um garoto outra vez”. 

Em parceria com a equipe da Weta, trabalhou o montador premiado com o Oscar® e colaborador de longa data de Spielberg, Michael Kahn. Spielberg e Kahn são conhecidos por estarem incluídos entre os últimos cineastas de Hollywood que ainda continuam montando em película, um meio que ambos adoram por sua qualidade táctil. Embora Kahn já tenha montado outros filmes digitalmente, As Aventuras de Tintim é a 1ª vez que ele e Spielberg editam em Avid. Quando Kahn finalizou a montagem do filme, Spielberg o exibiu a Jackson e, então, muito antes nesse caso do que no processo usual de pós-produção, a cópia foi entregue ao lendário maestro John Williams, que compôs as trilhas de quase todos os filmes de Spielberg, excetuando-se apenas um. 

Para o diretor, a trilha de Williams se tornou o elemento final e crucial de As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn), o último toque profundamente humano que ajudou a fundir todas as interpretações humanas com as criações digitais, produzindo uma experiência singular de aventura e amizade. 

“John é o agente que dá a liga e unifica todos esses elementos ecléticos e díspares do filme e, com sua trilha sonora, ele capta a energia e o espírito de Tintim como só ele é capaz de fazer”, conclui Spielberg.

:: Saiba mais sobre a carreira de Joe Letteri e Michael Kahn, em mais um texto cedido pela Sony Pictures:

JOE LETTERI (Supervisor Sênior de Efeitos Visuais) venceu quatro Oscars®: com os inovadores efeitos visuais de Avatar, de James Cameron; os dois últimos filmes da série O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings), As Duas Torres (The Two Towers) e O Retorno do Rei (Return of the King); e King Kong, os três últimos filmes com Peter Jackson. Também foi indicado com os efeitos visuais de Eu, Robô (I, Robot).

Letteri é sócio da produtora neozelandesa de efeitos digitais, WETA Digital. Antes de entrar para a WETA, trabalhou na ILM. Seus demais créditos incluem X-Men – O Confronto Final (X-Men: The Last Stand), The Day the Earth Stood Still, Van Helsing e Meu Monstro de Estimação (The Water Horse).

MICHAEL KAHN (Montador) venceu o Oscars® de Melhor Montagem com três filmes de Spielberg: Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark), A Lista de Schindler (Schindler’s List) e O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan). Também foi indicado ao prêmio da Academia com Atração Fatal (Fatal Attraction), de Adrian Lyne, O Império do Sol (Empire of the Sun) e Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind), de Spielberg.

Membro da American Cinema Editors, sua carreira como montador remonta a produções da televisão como Hogan’s Heroes e Eleanor and Franklin, que lhe valeu um Emmy. Entre seus muitos créditos cinematográficos, montou The Eyes of Laura Mars, Os Goonies (The Goonies), Toy Soldiers, Hook – A Volta do Capitão Gancho (Hook), Twister, Tomb Raider II e As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles). Mais recentemente, montou o blockbuster, Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides), bem como Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo (Prince of Pérsia).

Além da sua já extraordinária lista de créditos, sua filmografia inclui mais filmes de Steven Spielberg, como o recente Cavalo de Guerra (War Horse), e ainda Munique (Munich), Guerra dos Mundos (War of the Worlds), O Terminal (The Terminal), Prenda-me Se For Capaz (Catch Me If You Can), Minority Report – A Nova Lei (Minority Report), A.I. – Inteligência Artificial (A.I.), O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan), Amistad, O Mundo Perdido – Jurassic Park (Jurassic Park: The Lost World), A Lista de Schindler (Schindler’s List), Hook – A Volta do Capitão Gancho (Hook), Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and The Last Crusade), Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and The Temple of Doom) e Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of The Lost Ark).
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4 comentários:

  1. Ainda não entendi direito o que querem dizer quando falam que o filme não fez sucesso nos EUA porque lá eles tem aversão ao tipo de tecnologia do filme. Os americanos sentem medo dos personagens ou algo assim?

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  2. Renan, acho que neste link você pode encontrar a resposta: http://www.tintimportintim.com/2011/03/performance-capture-em-debate.html

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  3. Alguem sabe quando o tintin chega em dvd?

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  4. Em Portugal, no final de Março.

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Fique à vontade para soltar o verbo, marujo!

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